Segue um texto escrito por um jovem e talentoso escritor, Leo Barbosa, sobre o tema que discutimos em sala.
Um abração!
Regina
Um abração!
Regina
Leo Barbosa
(escritorleobarbosa@hotmail.com)
Desconectados
entre nós
Fala-se muito sobre o poder das
tecnologias exercido sobre as crianças e adolescentes. Entretanto, se
observarmos mais atentamente conferiremos que toda a parafernália digital também
tem oprimido os olhos dos adultos. Em casa, no trabalho, durante as refeições,
quanto tempo você, adulto, perde diante do aparelho celular? Seja em ligações, sms, whatssap, e-mail,
facebook, jogos, etc. Que exemplo você tem dado ao(s) seu(s) filho(s) neste
mundo cada vez mais tomado pela pressa e pela distração? Não precisa responder
agora.
Pesquisadores do Boston Medical Center constataram que a interação entre
pais e filhos está, de fato, prejudicada por causa de smartphones, tablets e
assemelhados. De forma que ver um pai jogar bola com o filho, ou até mesmo uma
simples conversa, virou sinônimo de raridade. Essas cenas virarão artigos de
museu?
Se antes os filhos viravam os rostos dos pais enquanto estes estavam
assistindo TV, hoje e em qualquer lugar, esse gesto pouco se repete porque
também estão os filhos entretidos. Solução para nos desobrigar a cuidar dos
filhos é deixá-los a mercê da tecnologia. Tecnologia essa que nos transforma em
zumbis. Feito mortos-vivos andamos de mãos atadas e olhos vendados, imobilizados para o afeto, o toque, os olhares
demorados. sobre nossos gestos ou sobre o outro.
Este capítulo é prosaico: um “chefe de família” convida todos a um
jantar de confraternização. Sentados à mesa, enquanto esperam a refeição, que
será consumida às pressas, estão muito pré-ocupados em mostrar ao mundo o
quanto são “felizes” – “selfies” no restaurante, fotos dos pratos, e o sorriso
amarelo que será consertado pelo photoshop. Não sabem eles a felicidade genuína
só encontra-se no mundo real, e que quanto mais conectados ao virtual e
impalpável, mais desconectados ficarão do amor, da atenção, e tudo aquilo que é
essencial à vida.
Não se nega a utilidade desses aparelhos
que facilitam a vida, mas vale lembrar que nestes há
uma gama enorme de informações que o cérebro não consegue processar
completamente. Por isso que os esquecimentos são tantos – de onde deixamos as
chaves até um abraço que não foi dado.
Basta um sinal, uma musiquinha para entrarmos num transe hipnótico. A
palavra “foco” tornar-se-á um arcaísmo? Se é verdade que vivemos mais o passado
e o futuro que o presente, digo que estamos vivendo mais o mundo virtual que o
real. Mas no mundo virtual facilmente teremos “seguidores” e “amigos” enquanto
na realidade isso exige contato direto, construção de laços. Precisamos alertar
nossos filhos sobre o vírus da distração. Do contrário, estaremos todos
inoculados pela indiferença.
Leo Barbosa é professor e poeta
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